Walter Benjamin (1892-1940)

Walter Benjamin (1892-1940) Walter Benjamin1
Ensaísta, crítico literário, e sociólogo judeu alemão. Entre outras obras famosas, destaca-se a tradução do trabalho monumental de Marcel Proust (neste site), Em Busca do Tempo Perdido.
A primeira página do livro de Benjamin, Einbahnstrasse (1928), apresenta ao leitor uma dedicatória enigmática:
Esta rua de chama
Rua Asja Lascis
Em homenagem àquela que,
Na qualidade de engenheira,
A rasgou dentro do autor
Em uma construção adaptada especificamente ao sentido não-metafórico do título metafórico, Asja Lacis aparece como uma engenheira civil onde Benjamin quer lhe agradecer a inspiração do livro (…) A imagem verbal e violenta que Asja Lacis lhe inspirou é agora incondicional. Ela se tornou em uma Einbahnstrasse, uma rua de mão única. - uma rua sem retorno possível. (1)

Ligia encontrou um trecho desse livro que fala sobre o amor e que é inigualável quanto à valorização suprema de alguns “defeitos” da pessoa amada. Um abordagem que ressalta o sentimento através de um olhar que se desvia dos cânones estéticos. Neste blog, Artur Dapieve discorre sobre a mesma visão. Mesma, mas através de um outro ângulo… muito original.
Eis as reflexões de Benjamin sobre a aparência de sua amada, Asja Lacis.
Asja_Lacis
“Quem ama não se apega apenas às falhas da amada, não apenas aos caprichos e as fraquezas de uma mulher. Rugas no rosto, sardas, vestidos surrados e um andar desajeitado o prendem de maneira mais durável e inexorável do que qualquer beleza . (...) E por quê? Se é correta a teoria segundo a qual os sentimentos não estão localizados na cabeça, mas naquele lugar desconhecido fora de nós mesmos quando olhamos para nossa amada. Ofuscado pelo esplendor da mulher, o sentimento voa como um bando de pássaros. E assim como os pássaros procuram abrigos nos esconderijos frondosos da árvore também se recolhem os sentimentos, seguros em seus esconderijos, nas rugas, nos movimentos desajeitados e nas máculas singelas do corpo amado. Ninguém ao passar, adivinharia que, justamente ali, naquilo que é defeituoso, censurável, aninham-se os dardos velozes da adoração.” (Einbahnstraße, 1928. Rua de mão única) (3)
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(1) Ver resenha.
(2) Benjamin faz uma viagem à Itália em 1924 onde se apaixonou pela atriz letoniana, Asja Lacis (1891-1979), uma militante comunista que o introduz ao Marxismo. Os dois juntos escreverão “Neapel” (Nápoles), uma viagem de imersão na cidade italiana. Depois da estadia em Capri, Asja volta a Rússia para reunir-se com o seu homem. A relação amorosa com Lacis está cheia de altos-e-baixos mas, apesar de todos os contratempos mantêm,  contacto até a deportação de Lacis a Siberia em castigo por criticar o regime de Stalin (Wikilingue).
(3) Modificado de uma tradução de Olgária Matos
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