Rainer Maria Rilke (1875-1926)

Rainer Maria Rilke (1875-1926) 
Lous Andreas-Salome (1861-1937) 

  rilke Lous-Salome1


Lous Salomé foi uma intelectutal e psicanalista alemã, nascida na Rússia. Mais uma dessas mulheres (1) da belle époque que chocaram a sociedade pela postura independente e seus inúmeros amantes. Os anos de romance com Rilke tiveram início com a viagem do poeta à São Petersburgo, em 1899, ele com 24 e ela com 38 anos. Rilke foi a grande musa de seus poemas amorosos. Conheceu e escreveu sobre Freud e Nietzsche. Sua obra englobava títulos originais e provocantes, sobre o “anal e o sexual”, psicosexualidade dos jovens, “Jesus, o judeu”, narcisismo, erotismo, etc. Abaixo, um breve trecho de um poema seu bem conhecido. Uma lição para as mulheres… e para os homens:

 

Ouse, ouse... ouse tudo!!

Não tente adequar sua vida a modelos,
nem queira você mesmo ser um modelo para ninguém.
Acredite: a vida lhe dará poucos presentes.
Se você quer uma vida, aprenda... a roubá-la!

 

Rilke, nascido em Praga na época do Império Austro-Húngaro-Boêmio, foi uma dos mais importantes poetas da lingua alemão do final do séc. XiX-princípio do séc. XX. Nunca exerceu qualquer profissão, tendo vivido sempre à custa de suas amigas nobres e abastadas. Ele é aqui homenageado por duas razões. Primeiro, pela influência de suas Cartas a Um Jovem Poeta, lido nos anos 1960. O segundo motivo vem da estrofe final do poema Lid, ( in Caderno de Malte Laurids Brigge), que Ieda Inda –  uma  mulher ocupando ainda minhas saudades –  costumava recitar (1972) e que, de certa forma, refletia um pouco da amargura de nosso breve “affair”.

  Du machst mich allein. Dich einzig kann ich vertauschen.
Eine Weile bist dus, dann wieder ist es das Rauschen,
oder es ist ein Duft ohne Rest.
Ach, in den Armen hab ich sie alle verloren,
du nur, du wirst immer wieder geboren:
weil ich niemals dich anhielt, halt ich dich fest
 
     
 

Uma sofrível tradução (minha) seria:

Tu me fazes me sentir sózinha. …..?
Em um instante tu estás perto, depois vem o ruído
Ou um aroma que não tem fim
Oh, em meus braços eu tudo perdi (?)
Tu, que aparece e reaparece sempre
Porque eu nunca te possuí, eu te mantenho comigo. (?)

 
     
 

Ieda

 
  Ieda  

 

***

(1) Outra mulher fascinante, do mesmo período, foi Anna de Noailles (neste blog).

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